1/4/2016
A falta de orientação tem levado pessoas que podiam se tratar em Clínicas de Família (CFs) às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), segundo avaliou o diretor executivo da Organização Social (OS) Viva Rio, em entrevista ao Bom Dia Brasil, da TV Globo, nesta sexta-feira (01).
Rubem observou que 64% dos pacientes atendidos nas UPAs poderiam estar nas CFs, de acordo com levantamento realizado pela instituição. “Existe na cidade do Rio de Janeiro uma malha de CFs capaz de absorver dois terços dos pacientes das UPAs. Falta orientação. As CFs são perto de casa, as pessoas vão pela definição de seus endereços. Só que as consultas precisam ser agendadas, o que não ocorre com as UPAs, que estão sempre abertas”, comparou.
O Viva Rio atua em seis UPAs do estado, entre elas a da Ilha do Governador, que amanheceu fechada nesta sexta-feira para ser transformada em unidade pediátrica, para crianças de 0 a 14 anos. “Só pela transformação em pediatria há uma economia grande. A expectativa é de que o atendimento continue normal. Hoje, entre os 400 pacientes que atendemos diariamente, 150 são crianças, que não costumam ficar internadas e recebem mais atenção ambulatorial”, explicou.
Os médicos que trabalhavam na Ilha do Governador vão tirar férias coletivas nesses próximos dias e depois poderão ser remanejados para outras unidades de saúde co-geridas pelo Viva Rio, como UPAs, CFs e hospitais.
No mesmo programa, o secretário Luiz Antonio Teixeira Júnior esclareceu que a redução de repasses às OSs de R$ 1,9 milhão para R$ 1 milhão será feita pela especialização dos serviços nas 20 UPAs de 11 cidades, como vai ocorrer com a UPA Ilha do Governador. “A alternativa seria fechar e dessa forma vamos garantir um atendimento digno e, em alguns casos, até melhor”, afirmou.
O diretor do Viva Rio lembrou que sua família recorreu recentemente a UPAs, em situações específicas. Ele estava perto de Maricá, na Região Metropolitana do Rio, quando uma criança apareceu com febre baixa. Como não havia a alternativa de CFs na região, o pequeno foi encaminhado à UPA. O mesmo ocorreu com uma cunhada vítima de AVC: “Nesse caso tinha de ser UPA mesmo”, disse.
Em relação à dívida do Estado com o Viva Rio, o diretor executivo reagiu com elegância: “É bem grande, maior do que gosto de pensar. Já não me deixa dormir”.
(Texto: Celina Côrtes)